rucacaldeira's Journal, 25 Dec 22

Aqui vai o terceiro e último episódio do "Conto Fit de Natal". Espero que vos dê tanto prazer a ler como me deu a escrever. A todos um feliz e santo Natal

Mais um estrondo se ouviu, a mudança de imagens se repetiu e, desta vez, uma figura pequena, rápida e escorregadia num flash surgiu:
- eu sou o espírito do Presente, de mim ninguém foge por mais que corra por mais que tente.
Ao ouvir estas palavras, um sentimento de terror encheu o nosso fitado que ao olhar para o relógio percebeu que para o exercício estava atrasado. Correu para o seu ginásio apenas para o encontrar fechado. Com a chave abriu a porta mas, ao por ela passar, foi parar à tua onde o espírito do Presente acabava de encontrar. Correu, mais uma e outra vez, mas àquela rua sempre volveu:
-Ok já entendi, tentei correr mas não consegui, afinal porque me queres aqui? Perguntou o velho em tom quase demente ao espírito do Presente.
Ao parar para perguntar, uma luz do outro lado da rua começou a piscar. Então o entendeu onde estava, bastava a rua atravessar para a casa do seu sobrinho visitar. Passou pela estrada, tão focado na janela com a luz que piscava, que nem reparou quem por ele passava.
- O grande amigo Chico Malhão à porta do meu sobrinho? O meu melhor cliente a visitar o gordinho? - inquiriu o velho confuso agora de ar obtuso. Para não se denunciar, pôs-se de fora da janela a espreitar. Qual não foi o seu espanto quando viu a maior parte dos seus clientes em casa de seus parentes.
Mas que vem a ser isto? Será que meu sobrinho é traidor e de meus clientes usurpador? Logo eu que lhe dei sustento, desde que cuidasse do ginásio com alento. Se ao menos pudesse entrar sem ninguém suspeitar... Mas que tontice! - lembrou-se de repente o velhote com rosto de quem ganhou na sorte - O que era uma chatice é agora uma vantagem, afinal ninguém me ver ou escutar nesta viagem.
O fitado, assim que se lembrou, a entrar na casa logo se apressou. Assim que viu o sobrinho não lhe deu nem mais um espacinho queria tudo escutar para flagrante delito apanhar:
- ... Em meu tio tenho grande pesar, neste dia, nunca nos pode acompanhar. Ele é a minha inspiração no seu rigor tem o meu coração, penso que a nossa companhia também falta lhe fazia... - O sobrinho ao Chico Malhão comentava com cara de quem não se conformava e voz de se escutar por toda a casa
- Ele tem muita sorte em ter um sobrinho que o ama de morte, sabes que o admiro porque dele sou amigo, mas sou dos poucos que assim pensa aqui quase todos lhe faziam dispensa. É bruto e rejeita, qualquer coisa fora do ginásio não aceita, de tanto focar na verdade descura a amizade...
Ao escutar estás palavras o nosso velho fitado, ficou impavido e de ar castigado.
- Pensavas que eras adorado, como um Deus venerado, a verdade é que é teu sobrinho o amado. Ele usa todo o seu tempo para a ti se dedicar, por só te saberes isolar. Encontra em ti grandeza até quando o tratas com frieza. Em verdade, tanta é a sua dedicação, que a forma não é prioridade no seu grande coração. - revelou o espírito ao fitado que escutou consternado
- Pois fica sabendo o que está a fazer apenas o vai envelhecer. Um dia o meu exemplo vai seguir e a forma vai conseguir. Se ninguém vê o que deve ser feito, que culpa tenho mesmo de coração desfeito? - Retorquiu o velho fitado, mais que nunca obstinado.
- Do passado queres correr e nem no presente te queres ver. Não resta solução, caso para o cruel futuro então. - O espírito do presente falou e nas palavras que o velho ouviu mais uma vez um estrondo sentiu.
- Que horror vem este a ser que nada consigo ver! A que lugar estou destinado que sou me sinto tão apertado? - Gemeu o velho horrorizado
- Não vês em vais ver, no que de mim, espírito do futuro, depender. Não posso nada fazer para que outra coisa venha a acontecer. Teu espírito fica onde colocaste o coração e teu nunca sairá do corpo, só ele mereceu a tua atenção. De que serve agora o corpo musculado senão para todo o verme se ver alimentado. Nem só de pão vive o Homem e feliz é o que nestas palavras atenta e seu espírito alimenta. Toda a tua vida teu espírito passou restrição e a passar a eternidade definhado, num caixão fechado, estás condenado!
- Meu pai perdoa-me que não te sabia forte, de mim tem dó! Mãe perdoa-me que de perfeita não te sabia só! Meu sobrinho na verdade estou arrependido por toda a má palavra por todo o castigo! Se o espírito também se alimenta e exercíta então és quem mais se fitta... Todo o meu futuro será solidão na escuridão, quem me dera poder avisar e prevenir a todos quanto me quisesse ouvir - Gemeu, lamentou, chorou o velho mirrado, todo esmifrado
Ao dizer estás palavras uma luz surgiu e o velho verdadeira amor sentiu, desta vez o estrondo fez com que caísse no chão redondo.
- minha casa, estou em meu lar, depressa tenho de me despachar para meu sobrinho visitar!
O velho saiu a correr sem do relógio se aperceber, eram horas de malhar mas ele iria jantar para o espírito de todos alimentar, pôr o espírito a par do corpo era prioridade até na sua avançada idade, reservou assim, um dia por semana até sua vida ter fim e aquele era um dia mais que especial, era noite e dia de Natal

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Comments 
Bom dia! Que seja um excelente dia de Natal, como excelentes são os teus contos, com que nos tens vindo a brindar. 🎄🎄📝😘🎄🎄 
25 Dec 22 by member: MDENDSA

     
 

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